Comunicado da Direção da Federação Portuguesa de Psicoterapia 

Foto de Joaquim Valadeiro
@joaquim_valadeiro

COMUNICADO

A direção da FEPPSI vem publicamente manifestar o seu descontentamento com a reportagem da SIC sobre a Petição para a Autonomia da Psicoterapia como Profissão apresentada no dia 15 de Julho.

A mesma não veiculou o objetivo essencial da petição nem a sua fundamentação, isto é, a regulamentação de uma profissão exercida há décadas em Portugal cujo governo anterior se comprometeu a regulamentar até ao primeiro trimestre de 2024. Sem a referida regulamentação compromete-se a idoneidade dos psicoterapeutas e comprometem-se os cuidados prestados em saúde mental num país particularmente carenciado dos mesmos.

Os breves excertos das extensas entrevistas realizadas não apresentam nem traduzem as credenciais académicas e científicas dos entrevistados, e mostram uma designação errada da Federação no respetivo rodapé – Associação Portuguesa de Psicoterapia ao invés de Federação Portuguesa de Psicoterapia. Estes excertos não explicitam o essencial do transmitido e, retirados do contexto em que foram produzidos, provocaram uma imagem negativa de uma Federação que reúne entidades formativas que, algumas delas, certificam há mais de 30/40 anos psicoterapeutas no final de, pelo menos, quatro anos de formação, quatro anos de psicoterapia pessoal e dois anos de prática e supervisão clínica, após terem realizado previamente a esta formação, obrigatoriamente, uma licenciatura pré-Bolonha ou um Mestrado.

A Direção desta Federação gostaria igualmente de manifestar o seu desagrado perante afirmações que têm surgido em vários meios de comunicação no que parece ser uma campanha de desinformação junto da opinião pública.

É falso que:

1. o objetivo da regulamentação que esta Federação promove é impedir a prática da psicoterapia por parte de psicólogos. A análise dos psicoterapeutas formados e em formação pelos membros da FEPPSI contraria este argumento uma vez que revela a existência de um número significativo de psicólogos. A FEEPSI pretende salvaguardar todos os profissionais que exercem psicoterapia, por isso pretende regulamentar a profissão. Defende a Formação dos profissionais nas entidades certificadas como forma de preservar a legitimidade do exercício da Psicoterapia em Portugal.

2. a formação em psicoterapia não inclui a formação em psicopatologia. Esta afirmação revela um completo desconhecimento dos programas formativos dos membros da FEPPSI, os quais seguem critérios e referenciais internacionais que incluem o ensino extensivo da Psicopatologia Geral bem como de outras matérias no âmbito do funcionamento mental e do comportamento humano.

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3. a formação em psicoterapia se circunscreve ao ensino de técnicas psicoterapêuticas. Esta visão do curriculum formativo em psicoterapia além de redutora e simplista, desvaloriza o campo da psicoterapia remetendo-a para um conjunto de técnicas. A formação em psicoterapia dentro dos critérios internacionais inclui modelos do psiquismo humano, modelos de intervenção, de relação psicoterapêutica e técnicas específicas.

A Federação Portuguesa de Psicoterapia apela à união entre os responsáveis políticos e os agentes da saúde mental em Portugal para um entendimento e trabalho conjunto, para a resolução do problema da saúde pública que é real e que importa debelar: a prática de atos ditos psicoterapêuticos por aqueles que não têm formação dentro dos critérios internacionais.

A FEPPSI trabalha para que a psicoterapia seja regulamentada em Portugal seguindo o modelo do Reino Unido, da Alemanha ou da Áustria e que, de acordo com a European Association for Psychotherapy (EAP), aceita como formação de base candidatos com e sem formação nas áreas da saúde.

A riqueza e a efetividade da psicoterapia e dos psicoterapeutas nasce da diversidade da formação de base dos seus praticantes e dos diferentes modelos de intervenção. É com ela e por ela que nos manteremos na sua defesa intransigente.

                                A DIREÇÃO DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE PSICOTERAPIA